quinta-feira, 14 de abril de 2011

O melhor perfume


Sobre frascos e conteúdos...
Você encontrou o cara “perfeito”. Ele tem todas as qualidades que você sempre sonhou encontrar em alguém: é lindo, charmoso, de aparência impecável, um autêntico “gentleman”. Enfim, marcam um primeiro encontro, você usa o seu melhor perfume (afinal, a ocasião merece), e, quem sabe, começa um novo relacionamento.
Mas com o tempo, o gentleman revela-se uma pessoa totalmente diferente. E então, você se lembra daquela frase que a sua avó dizia: os melhores perfumes estão nos menores - ou nos mais simples - frascos.
É claro que alguns belos frascos também trazem em si perfumes magníficos, mas, infelizmente, nem sempre é o caso. E às vezes você descobre que o conteúdo daquele frasco maravilhoso não era tão bom quanto aparentava: e o prazo de validade era curtíssimo.
E você percebe que o cara “perfeito”, com todas aquelas qualidades que você atribuiu, não era nada daquilo. As palavras doces encobriam mentiras. A bela aparência dissimulava a personalidade fútil. O olhar charmoso, que parecia sincero, escondia gargalhadas por dentro. E a pele impecável não era nada mais que uma máscara.
Ao contrário de Elis Regina, que cantava “E as aparências não enganam não”, acho que as aparências enganam, sim. Volto a me lembrar da frase da vovó. A melhor fragrância pode estar naquele frasco que está do seu lado, na sua cômoda, esquecido porque sua embalagem pode não ser tão encantadora.
E talvez, aquele belo e caríssimo vidro de perfume esteja totalmente vazio, ou quiçá tenha líquido vencido e amarelado por dentro. E esses frascos vazios não merecem o nosso melhor perfume.