quinta-feira, 17 de março de 2011

Amadurecendo


"A maturidade me permite olhar com menos ilusões, aceitar com menos sofrimento, entender com mais tranquilidade,querer com mais doçura."
Já nascemos com duas grandes e inevitáveis tarefas: a de conviver com nós mesmos e a de amadurecer. Cada ano que passa entendemos um pouco mais sobre ambas: aprendemos a olhar o passado, a aceitar que somos imperfeitos, que erramos, e a aceitar que no decorrer da vida precisamos abandonar as “roupas velhas”, já gastas pelo tempo.
Amanhã faço 24 anos e é o primeiro aniversário longe da minha família e dos amigos de longa data. Mas não devo reclamar, talvez este último ano tenha sido um dos mais significativos na minha vida, um ano de grandes mudanças e aprendizado.
Foi quando as despedidas começaram: adeus aos amigos de infância – que até outro dia eram “para sempre”. Adeus cheirinho de comida da vovó às 11:00. Adeus pai levando pra faculdade, pro trabalho... Adeus madrugadas na internet, porque afinal, agora o dever me chama logo pela manhã. Adeus ilusões, bem-vinda, realidade.
É quando você descobre que cresceu. Quando eu era criança, pensava que ao alcançar os 18 anos de idade já seria “gente grande”. A verdade é que a gente só cresce com as experiências e responsabilidades que acumula. E quando aprende a aceitar que nossas “certezas” não eram tão certas assim.
É como se você encontrasse outra pessoa dentro de você mesma, mas como uma versão atualizada: agora você paga suas contas, tem roupa para lavar, cronograma para seguir, casa para limpar e ninguém vai lhe acordar caso perca a hora para o trabalho (salve o despertador do celular!). Você está sozinha e agora tudo depende apenas de você - e dentro de um tempo cada vez mais escasso.
E nessa hora bate uma saudadezinha de tudo que passou. Dos amigos que já não vê. Das pessoas que passaram por nossa vida ficando tão pouco tempo. Das tardes sentadas na calçada, ouvindo as histórias do vovô. Das caminhadas despretensiosas durante as tardes de domingo. Da comida feita no fogão à lenha da fazenda nos fins de semana. Da casa cheia. De acordar com o barulho dos primos fazendo farra no quintal.
E claro, às vezes sente medo: de ter feito algo errado ou ser culpada por tudo aquilo que não deu - ou que pode não dar - certo. Mas ao mesmo tempo sabe que tudo isso é consequência de uma palavra que muitas pessoas jamais saberão o verdadeiro significado: amadurecimento.
E isso dá coragem para dar mais um passo. Tomar outra decisão. Amar de novo, esquecer de novo. Afastar-se para não voltar tão cedo. Entender que algumas coisas não dependem exclusivamente de você. Mudar. Talvez você não precise ter medo por estar distante das pessoas. Mas precisa se preocupar em estar sempre perto de você mesma.